segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A religião espírita


Conforme afirmação do texto Doutrina Espírita e Religião Espírita, pode-se entender por:

Espiritismo como um sistema natural de manifestações das inteligências extra corpóreas;
Ciência Espírita como uma ferramenta para se estudar o Espiritismo e Doutrina Espírita como o produto final destes estudos e experimentos.
Logo se compreende que a Religião Espírita, que se abstém da ciência espírita, é por isto mesmo, dessemelhante da Doutrina Espírita.
Quando se aponta a diferença entre Doutrina Espírita e Religião Espírita, isto não se dá para efeito didático. Trata-se de uma convicção lógica.

A Religião Espírita é uma forma de enxergar o Espiritismo, e, por si só, não representa perigo para a divulgação doutrinária. Mas indiretamente é a responsável pelo mau direcionamento do movimento espírita no Brasil; pois sua simpatia pelo maravilhoso fez crescer a força daqueles que investem alto para manter a humanidade numa acerba ignorância.

Mas primeiro é necessário propalar-se a definição da palavra religião para subtrair algum mal entendido:

RELIGIÃO: (http://www.dicio.com.br - 28/11/13)

s.f. Culto rendido à divindade.

Fé; convicções religiosas, crença: a religião transforma o indivíduo.

Doutrina religiosa: religião cristã.

Tendência para crer em um ente supremo.

Acatamento às coisas santas.

sf (lat religione) - (<http://michaelis.uol.com.br/moderno - 28/11/13>)

1 Serviço ou culto a Deus, ou a uma divindade qualquer, expresso por meio de ritos, preces e observância do que se considera mandamento divino. 2 Sentimento consciente de dependência ou submissão que liga a criatura humana ao Criador. 3 Culto externo ou interno prestado à divindade. 4 Crença ou doutrina religiosa; sistema dogmático e moral. 5 Veneração às coisas sagradas; crença, devoção, fé, piedade. 6 Prática dos preceitos divinos ou revelados. 7 Temor de Deus. 8 Tudo que é considerado obrigação moral ou dever sagrado e indeclinável. 9 Ordem ou congregação religiosa. 10 Ordem de cavalaria. 11 Caráter sagrado ou virtude especial que se atribui a alguém ou a alguma coisa e pelo qual se lhe presta reverência. 12 Conjunto de ritos e cerimônias, sacrificais ou não, ordenados para a manifestação do culto à divindade; cerimonial litúrgico. 13 Filos Reconhecimento prático de nossa dependência de Deus. 14 Filos Instituição social com crenças e ritos. 15 Filos Respeito a uma regra. 16 Sociol Instituição social criada em torno da ideia de um ou vários seres sobrenaturais e de sua relação com os homens. 17 Mística ou ascese.

Sobre a origem da palavra:

É o Latim RELIGIO, “reverência pelos deuses, respeito pelo que é sagrado”.
A origem é discutida, apresentando-se, entre outras, o verbo RELIGARE, “atar firmemente”, de RE-, intensificativo, mais LIGARE, “unir, atar”, pelo sentido de “atender a uma obrigação” ou mesmo “laço entre o ser humano e o divino”. (http://origemdapalavra.com.br - 28/11/13)

*

A etimologia popular atribui a origem da palavra "religião" a religare, do latim: a religião religaria o homem a Deus. Uma ideia bonita... mas sem fundamento. Etimologia falsa, embora cheia de boas intenções. No latim, religio designava "respeito", "reverência". A palavra deriva de relegere, em que re-, "de novo", está associado ao verbo legere, "ler", abrigando o sentido de "tomar com atenção". Uma pessoa vive a religião quando, uma e outra vez, cuida escrupulosamente de algo muito importante, algo que deve ser cultuado. (http://palavraseorigens.blogspot.com.br - 28/11/13)

(Remetemos também o leitor para esta reportagem da revista Veja de 01/03/2012 - http://veja.abril.com.br/…/religiao-vem-de-reler-ou-religar/)

*

A palavra enfrenta dificuldades de entendimento mesmo em sua origem; porém, parece que a coerência gramatical favorece o termo relegere, que significa reler, observar escrupulosamente.

Seja como for, o sentido de algumas palavras ao longo do tempo ou se amplia ou se restringe; e a palavra religião acabou por significar religar. Mas, religar - ligar de novo - o quê?

A defesa de que seria o religar o homem a Deus conheceu uma ideia opositora: infere-se que algum dia o homem esteve ligado a Deus. O pensamento de religar o homem a Deus condiz mais com a fábula bíblica da queda do homem; no pensamento espírita o sentido desse religar não tem razão de ser.

Fato é que o homem sente necessidade de exteriorizar sua fé, sua crença num ser que ele admite superior, sem atinar qual seria a dimensão desta superioridade.

O entendimento de Deus acompanha o homem em sua evolução e tem a dimensão correspondente à evolução do homem; não podia ser diferente. E então, com base nos elementos mentais que adquire a cada encarnação, formam-se maneiras de cultos para homenagear este ser superior.

A inteligência humana criou as religiões, conforme os lugares e as culturas, em busca de atender ao sentimento de religiosidade que lhe é inerente.

Somente aos poucos é que se aprende a aperfeiçoar a maneira de adorar o ente superior, até que se chega num entendimento tal que as formas exteriores deixam de fazer sentido.

O advento da Doutrina dos Espíritos lança de vez por terra todo falso entendimento, levando a criatura para dentro de si mesma e fazendo-a perceber sua perfectibilidade através da caminhada paulatina das reencarnações.

Para muitos a Doutrina Espírita ainda soa como um mistério e grande parcela de adeptos a reconhecem como uma religião diferente, mas religião. Talvez por isto tentem adequá-la aos próprios preconceitos e hábitos ainda muito fortes.

Até aí, nada há de nocivo para a ordem das coisas, tendo em vista a heterogeneidade de raciocínios componentes da humanidade e que devem ser respeitados. O problema está no movimento que se estabelece por trás desta fé, que apesar de cega, é bem intencionada.

Recordem-se os primeiros cristãos perseguidos que eram pelos romanos. Lutaram até onde foi possível, entregando suas vidas para que a mensagem de Jesus se perpetuasse.

Até que alguém percebeu que aquele Jesus era mesmo muito poderoso, muito amado, pois que vários homens davam a vida por ele e então colocaram-no num altar, renderam-lhe culto e por muitos séculos barganharam os bens celestes, sempre em seu nome. Fizeram de Jesus um rei, e reis vivem na abundância, na opulência: se davam suas vidas por ele, porque não dariam seu dinheiro? Esta filosofia sobrevive ainda sem sinais de perecimento.

Identicamente ocorre com o movimento espírita. A redescoberta do mundo invisível, da comunicabilidade com os mortos rendem muitos tostões. 

Isto faz que as índoles ainda fracas sucumbam, pois surgem editoras intituladas espíritas que publicam qualquer coisa, com preferência pelas obras psicografadas. Surgem médiuns que psicografam copiosamente calhamaços e mais calhamaços de papel nos quais nada se ensina em termos doutrinários.

A mediunidade virou uma grande indústria. No passado e no presente há médiuns que cobram por seus serviços através da cartomancia ou da quiromancia, ou por meio de outros instrumentos, sem necessariamente ostentarem vínculos religiosos. E as publicações ditas espíritas sem compartilhar sequer os princípios mais elementares da Doutrina são o atestado de que a mediunidade virou um bom negócio.

E virou um negócio porque tem-se já um público alvo: aqueles mesmos que abraçam a Doutrina Espírita como sua religião. Geralmente pessoas de boa fé, embora cega, mas pessoas que buscam amparo e conhecimento e tudo o que recebem são indicações de livros que só alimentam a hipocrisia e o fanatismo.

Kardec expressou-se assim na Revista Espírita em dezembro de 1868 sobre esta peculiar característica do Espiritismo, que tornou-se uma polêmica de difícil solução:

"Se é assim, perguntarão então: o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão, de não haver, senão, uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.

Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.”

Nesta passagem o insigne Codificador menciona ainda uma vez a dificuldade de expressar ideias diferentes quando se tem apenas um termo.

Também deixa evidente a preocupação em distinguir Espiritismo do "misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou." Ora, veem-se abusos por toda a parte a explorar a fé alheia e com a religião espírita não é diferente. Tem-se que , por causa disso, querer extinguir, e até humilhar os profitentes deste ramo que surgiu do Espiritismo? Cremos que não, mas inegavelmente, as forças devem se voltar contra os abusos que ocorrem a fim de estigmatizar os aproveitadores e mercenários, pois estes, sim, trazem um enorme prejuízo para a disseminação das ideias espíritas, muito embora a Doutrina permaneça imaculada, pois sua coerência é perfeitamente verificável.

Toda religião tem, em algum grau, determinado rito, que varia do mais espalhafatoso ao mais discreto. O movimento espírita no Brasil é comandado por entidades cuja história pregressa se situa no catolicismo, (mesmo porque este próprio é fruto de um sincretismo que reuniu tons budistas, bramanistas e paganistas); também uma intensa influência orientalista que acrescenta-lhe uma nuance eclética. A Religião Espírita nasceu desse ecletismo, com forte tendência à submissão de preceitos predeterminados por indivíduos que se tornaram como "guias" ou ainda "mentores". Alguns exemplos sacramentados na religião: Não se reza mais o terço mas faz-se o 'culto no lar' com dia e hora marcados; não há medo de se ir para o inferno, mas existe a ameaça do umbral; não há a hóstia, mas há a água fluidificada*; não há confissionário, mas existe o atendimento fraterno**; não há novena, mas há o caderninho de prece, onde é preciso se colocar nome, sobrenome, endereço, idade. Não há crença em demônios, mas há a crença de que os Espíritos sabem mais que os homens; e ainda a crença no poder de cristais, pirâmides e influência das cores. A leitura das obras de Kardec são como um complemento, às vezes até dispensável. Não se fala nos grandes pesquisadores pós-Kardec, como William Crookes ou Aleksander Aksakof, ou ainda nos grandes filósofos e estudiosos anteriores ou posteriores à Codificação. As orientações que norteiam os adeptos da Religião Espírita não são os mesmos que norteiam os adeptos da Doutrina Espírita, já que aqueles são convidados a assimilar tudo o que ouvem ou leem, geralmente convencem-se facilmente por um sentimentalismo exagerado; os outros parecem ter em si a veia científica, onde desenvolvem os valores do coração com bases nos firmes preceitos éticos.

Jesus aparece na Religião Espírita, ainda como o salvador, como um Espírito especial, tão especial que já nasceu quase perfeito e fora dos padrões habituais. Em síntese: as lendas e os costumes mudam de acordo com os homens e suas conveniências.

O sentido religioso do Espiritismo está na sua subjetividade, na sua essência mesma. Com o tempo todos perceberão isto e concluirão que o fundo é mais importante que a forma. O fim do Espiritismo é fazer que o homem se reconheça como Espírito e passe a considerar o seu semelhante da mesma forma; em outras palavras: que os homens se reconheçam como seres fraternos. As relações sociais melhorarão quando, admitindo tal ideia, os homens agirem conforme a regra de ouro: Faça aos homens o que gostaria que os homens vos fizessem.

Maria Ribeiro

Nota:
* Referência não sobre a eficácia do Magnetismo, ao qual somos adepta, mas às práticas ritualísticas, como sempre tomar a água após o Passe, por exemplo.
** Quando se torna hábito vicioso de se indicar ou de se servir deste mecanismo.

Grifo nosso, GECA.

terça-feira, 21 de julho de 2015

INFORMATIVO: Retorno das atividades


Caros caravaneiros,

É com alegria que divulgamos, nossa casa espírita esta com sede nova e própria. Localizada na Av. Rio Grande do Norte número 102 Cidade da esperança, de frente ao açaí do gg. Nossas atividades retornarão no dia 07.08.2015 com força total.










Mapa da localização

quinta-feira, 18 de junho de 2015

INFORMATIVO: Alteração local de funcionamento do GECA

Caros caravaneiros,

Por motivo decisório partindo do proprietário do local onde funciona as atividades do GECA, estaremos no próximo mês devolvendo o galpão ao proprietário. Sendo assim peço a todos que caso conheçam um local que tenha estrutura para funcionar um centro espírita entrem em contato conosco através do link: http://gecamor.blogspot.com.br/2011/09/fale-conosco.html desde já agradecemos o apoio de todos.

Qualquer informação estaremos divulgando em nossas mídias sociais.

Rosenildo de Oliveira
Vice presidente